No meio de preocupações crescentes sobre as alterações climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a energia solar emergiu como uma solução fundamental para enfrentar os desafios energéticos e ambientais globais.
Neste contexto, a China emergiu como um dos líderes mundiais no desenvolvimento e implementação da energia solar, desempenhando um papel crucial na transição para um futuro mais sustentável centrado nas energias renováveis.
A ascensão da energia solar na China
Nas últimas décadas, a China viu um crescimento extraordinário no setor de energia solar. Este rápido desenvolvimento foi impulsionado por uma combinação de factores, incluindo políticas governamentais favoráveis, avanços tecnológicos e uma consciência crescente da importância da sustentabilidade ambiental.
Uma das principais contribuições da China para o mercado solar global tem sido a sua capacidade de fabricação em larga escala de painéis solares. O país tornou-se o principal produtor mundial de painéis fotovoltaicos, impulsionando uma redução significativa nos custos da tecnologia solar a nível mundial.
As empresas chinesas dominam atualmente o mercado global de produção de painéis solares, o que permitiu uma expansão maciça da capacidade solar instalada em todo o mundo.
Contexto energético anterior
Antes deste impulso na política de desenvolvimento de energia solar da China, o país dependia fortemente de fontes de energia convencionais, como o carvão, o petróleo e o gás natural, para satisfazer as suas necessidades energéticas. A China é o maior consumidor e produtor mundial de carvão e, durante décadas, o carvão tem sido a principal fonte de energia do país, representando a maior parte da sua capacidade de geração de electricidade.
Esta dependência do carvão teve diversas implicações para o país, incluindo a poluição do ar e da água, as emissões de gases com efeito de estufa e a geração de resíduos sólidos. Além disso, a exploração e o consumo de carvão contribuíram para a degradação ambiental e para a escassez de recursos naturais em algumas regiões da China.
Embora a China também tenha dependido do petróleo e do gás natural para satisfazer uma parte da sua procura energética, estas fontes não têm sido suficientes para satisfazer plenamente as crescentes necessidades energéticas do país, levando à importação de grandes quantidades de petróleo e gás.
Antes do surgimento da energia solar, a China já construía e operava usinas nucleares em diversas regiões do país. Vale também a pena mencionar que as energias renováveis, incluindo a energia hidroeléctrica e a energia eólica, sempre estiveram presentes no cabaz energético da China, embora a sua contribuição tenha sido relativamente limitada em comparação com as fontes de energia convencionais.
Abaixo anexamos uma tabela que mostra a evolução do uso dos recursos energéticos da China:
Recurso energético | 1980 | 2000 | 2020 |
Carvão | 70% | 70% | 57% |
Petróleo | 20% | 20% | 20% |
Gás natural | 1% | 2% | 8% |
Energia nuclear | 0% | 1% | 5% |
Energia hidroelétrica | 8% | 7% | 9% |
Energia solar | <1% | <1% | 4% |
Outras energias renováveis | 1% | 2% | 6% |
Apoiar políticas e compromissos ambientais
O governo chinês desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da energia solar através de uma série de políticas de apoio, incluindo subsídios para a instalação de sistemas solares, tarifas de aquisição garantidas para a energia solar gerada e metas ambiciosas de capacidade instalada.
Por exemplo, a China estabeleceu uma meta de atingir a capacidade solar total de 1.200 gigawatts até 2030, o que representa uma expansão significativa das suas capacidades actuais.
Além dos seus objectivos em matéria de energia solar, a China também se comprometeu a reduzir as suas emissões de carbono e a aumentar a utilização de energias renováveis como parte dos seus esforços para enfrentar as alterações climáticas. Por esta razão, a China continuou a investir na energia nuclear. O país anunciou a construção de novas centrais nucleares e o investimento em tecnologias nucleares avançadas, como reatores de nova geração e reatores de fusão nuclear.
Estes compromissos reflectem-se na sua participação no Acordo de Paris e nos seus próprios objectivos nacionais de desenvolvimento sustentável.
O Acordo de Paris é um tratado internacional sobre alterações climáticas que procura limitar o aumento da temperatura global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e prossegue esforços para limitá-lo a 1,5°C.
Implementação de projetos solares de grande escala
O gigante asiático realizou vários projetos solares de grande escala em todo o país. Esses projetos incluem parques solares, fazendas solares e sistemas fotovoltaicos distribuídos em áreas urbanas e rurais. Alguns dos maiores são:
Granja solar de Longyangxia
Localizada na província de Qinghai, a Fazenda Solar Longyangxia é um dos maiores projetos solares do mundo.
Com uma capacidade instalada de mais de 850 megawatts (MW), este parque solar cobre uma extensa área de 27 quilómetros quadrados e é composto por milhões de painéis solares dispostos em filas.
A energia gerada por este parque solar é utilizada para abastecer tanto as áreas circundantes como outras regiões da China.
Parque solar de Datong
O Parque Solar Datong, localizado na província de Shanxi, é outro dos maiores projetos solares da China.
Com uma capacidade instalada de cerca de 1 gigawatt (GW), este parque solar faz parte dos esforços do governo chinês para promover energia limpa numa região que tradicionalmente dependia da mineração de carvão.
Parque Solar Tengger
Esta usina solar está localizada na região autônoma da Mongólia Interior, o Parque Solar Tengger é outro dos projetos solares mais notáveis da China.
Tem uma capacidade instalada de aproximadamente 1,5 gigawatts (GW), fazendo parte dos esforços do país para aproveitar o seu vasto potencial de energia solar nas regiões oeste e centro.
Inovação tecnológica e desenvolvimento futuro
Paralelamente, a China está a investir fortemente na investigação e desenvolvimento de tecnologias solares avançadas, como a energia solar concentrada (CSP) e a integração de sistemas de armazenamento de energia. Estas tecnologias têm o potencial de melhorar a eficiência e a fiabilidade da energia solar, bem como de enfrentar os desafios associados à intermitência da geração solar.
Além disso, o país asiático está a explorar ativamente oportunidades para integrar a energia solar noutros setores, como a agricultura, a construção e os transportes.
Por exemplo, estão a ser desenvolvidos sistemas agrícolas de energia solar que combinam a produção de electricidade com a produção agrícola, proporcionando benefícios adicionais em termos de segurança alimentar e redução da pobreza nas zonas rurais.
Desafios e oportunidades futuras
Apesar do impressionante progresso alcançado no desenvolvimento da energia solar na China, o país ainda enfrenta vários desafios no seu caminho para uma economia mais limpa e sustentável.
Estes desafios incluem a integração eficaz da energia solar na rede eléctrica, a gestão da variabilidade da geração solar e a mitigação dos impactos ambientais associados ao fabrico e eliminação de painéis solares.
No entanto, à medida que a China continua a avançar na sua transição para uma energia mais limpa e sustentável, abrem-se também novas oportunidades para a inovação, a colaboração internacional e o crescimento económico.
Com o seu compromisso contínuo com a energia solar e as energias renováveis em geral, a China está posicionada para continuar a desempenhar um papel crucial na transformação do sistema energético global rumo a um futuro mais sustentável e centrado nas energias renováveis.